quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

To be continued

Hoje sim deu vontade de escrever, uma vontade enorme e bem diferente dos outros dias, não que nos outros dias eu não tenha tido vontade de escrever, é que hoje ultrapassou! As vezes tenho pensamentos que acumulam quando a noite vem, ai eu escrevo escrevo tudo e resumidamente, mas hoje essas coisinhas vieram se acumulando desde manhã, imagine então a diferença e a vontade que eu estou de escrever, imaginem agora a intensidade disso ... Se hoje por acaso eu fosse dormir sem escrever, com certeza eu sonharia que estaria escrevendo, ou talvez nem acordasse mais, trágico não? Calma não é pra ser, talvez um tanto irônico pra fugir da monotonia, mas não para fugir do que quero mesmo dizer, dizer do que se acumulou dizer porque se acumulou, dizer que nunca tive um dia assim tão cheio de indas e vindas tão repleto de coisas e pessoas importantes, tão tragado de memórias, momentos dos quais eu nem lembrava mais, parece que assim tudo me veio de um nada e em tudo se transformou.
Talvez pudesse expressar melhor, talvez eu nem tenha pensado nisso e já tenha expressado, mas o que conta nem é agora meu cansaço ou a maneira como eu venha piscar os olhos diante do teclado, sinto que devo fazer isso, devo permanecer acordada até que eu termine de contar tudo e não deixe faltar nenhuma virgula qualquer, que eu encontre entre todas essas palavras o ponto final e acredite que além de muita coisa que está por vir eu só não deixe de dizer o necessário, o que é inofensivo a mim mesma, o que um tanto parecia ser estranho mas hoje se encheu de irrelevância .
Hoje eu resolvi fazer coisas que a algum tempo havia deixado pra trás, não é apenas o simples fato de abrir o msn numa noite qualquer e dizer oi a alguém, é realmente querer conversar e perceber as pessoas também querendo conversar com você, é notar que aquilo que você fazia todos os dias se torna tão sem graça mas que ao você ficar um tempo sem fazer se enche de uma verdadeira vontade mesmo e torna tudo um pouco mais sensibilizador ... Devo ter acordado as seis, não me recordo muito bem, talvez tenha sido as seis e meia quando ouvi minha mãe levantando pra fazer o café, logo meu pai viu meu bilhete dizendo que era pra deixar algum dinheiro pra mim e resmungou, eu pude escutar mesmo através de quatro paredes, porta fechada e edredom sobre os ouvidos, parece que essas coisas são tão comuns que ficam fixadas em nossos ouvidos, é só se dar o primeiro som que já se sabe o que estar por vir, continuei lá tentei dormir mais um pouco,  sabia que eu não deveria me levantar aquela hora, pude inda escutar a porta do banheiro mover-se e fechar com a voz de minha mãe de fundo dizendo que era pra deixar o dinheiro porque eu iria sair pra encomendar meu vestido, ouve silencio depois, só ouvi o barulho comum dos armários da cozinha e o barulho do chuveiro ... Isso é silencio pra mim! ''risadas'' . Esperei mais um pouco deitada na cama, não lembro se dormi ou se mais uma vez fiquei pensando na vida ... Depois da demora incensante do meu pai no banho eu me levantei, fui olhar no espelho ainda com os olhos entreabertos e me deparei com uma espinha enorme no canto da boca, coisa que antes só parecia uma irritabilidade qualquer, não aguentei tinha que tira-lá dali, mesmo que doesse ou coisa parecida, estava muito feio mesmo; tentativas frustadas ... A espinha continuou ali só um pouco mais vermelha do que quando olhei no espelho pela primeira vez e a tentativa de eliminá-la estava cada vez mais irreversível, deixei ela ali então, mais ou menos um pouco curada fui pro banheiro tomar meu banho pra quem sabe despertar ...
Depois de me arrumar tomei um gole de café, sabia que deveria ir logo pois minha amiga me esperaria as nove e meia na estação de Santo André, agora que ela não mora mais perto de mim, devo me acostumar com isso, desci pra avenida pra pegar o ônibus até a rodoviária, ele demorou um pouco eu olhava no celular e notava ele já quase sem bateria, quando o ônibus resolveu chegar me sentei no primeiro banco disponível, logo já estava na rodoviária, me levantei pra descer foi quando senti o celular vibrar no bolso,e depois o toque! Era a Bruna, perguntou-me onde eu estava, disse que eu estava a caminho de pegar o trem naquele exato momento, ela então me avisou que não iria mais de trem e iria pegar uma carona com o seu padrasto então eu esperaria ela fora da estação de Santo André, fui a caminho da estação comprei o bilhete, esperei o trem chegar por breves minutos, enquanto isso era possível sentir o sol da manhã já queimando de leve a pele, ardia o olho, peguei o óculos não aguentei tanta luz logo pela manhã esperei mais um pouco o trem chegou, lá fui eu, sentei ao lado de duas mulheres que estavam uniformizadas e aparentemente a caminho do trabalho elas conversavam sobre a virada de ano, uma dizia que comeu muito doce a outra resmungou não ter deixado nenhum pedaço pra ela, dizia que nunca mais queria ver chocolate na frente dela e a outra culpou-a : - tá vendo? isso foi por não ter deixado nada pra mim e riu ! Eu não queria ter que ficar escutando a conversa de ninguém mas isso é impossível, impossível mesmo num trem, na minha frente tinha uma mulher de óculos escuros que bocejava a cada 10 segundos, ela estava largada pelo banco como se por algum acaso ainda estivesse dormindo, parecia bem confortável ''risos'' ... Evitei ficar olhando pra não causar má impressão mas  pra onde quer que eu olhasse eu repararia alguém, isso é um tanto comum nos dias de hoje mas irônico a quem transforma coisas simples em grandes detalhes e transforma tudo em um conto, lembro que naquele momento senti vontade de escrever, não pelas coisas obvias que via mas simplesmente pela vontade, devo lembrar que talvez foi ali a minha primeira vontade de escrever de manhã, mas não tinha como, eu deveria guardar os detalhes, memorizá-los e quem sabe quando chegasse em casa desenvolvê-los! Quando chegou na estação de Mauá o trem se encheu como de costume a partir daí eu já não via mais a mulher de óculos escuros bocejar a cada 10 segundos nem muito menos conseguir ver se os olhos dela estavam abertos ou fechados, já não havia mais lugares pra sentar a quem entrava e cada vez entrava mais gente! Na minha frente se instalou uma mulher que lia um livro, eu não sei se ela abriu o livro ali ou já vinha andando com o livro aberto, só sei que quando pude ver já a vi assim, eu levantei um pouco a cabeça e pude notar o nome do livro, ''Um dia David Nicholls'' ...

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